O que fazer depois daquela prova de concurso tão esperada?
Postado em 10/03/2022
Conversamos com uma terapeuta cognitivo-comportamental e traçamos três passos que ajudarão a manter o equilíbrio emocional no período pós-prova
O ciclo de vida do concurseiro é resumido da seguinte forma: estudar, chorar, revisar, reclamar, resolver questões, tomar um cafezinho, voltar a estudar e, finalmente, fazer a prova. Mas o que acontece depois dessa prova? Para onde vão os concurseiros após meses focados em um certame, sem sair da bolha, em quarentena e distantes das redes sociais? Existiria um multiverso?
Por que ninguém fala sobre o período pós-prova? Deve ser porque é muito mais fácil manter o entusiasmo e a disciplina quando visualizamos o nosso objetivo: o concurso dos nossos sonhos acontecerá daqui a três meses. Nesse período, o lucro com a venda de café em pó chega a crescer 79% (segundo dados da minha cabeça).
Porém, depois de entregar o gabarito ao fiscal de sala, chegamos em casa e pensamos: e agora, o que eu faço? Se você fica perdido e sem rumo, continue lendo este artigo, pois nós conversamos com uma psicóloga especializada em terapia cognitivo-comportamental e levamos esse sentimento de vazio para que ela possa nos ajudar nesse período compreendido entre o momento em que tiramos o celular do saquinho da banca organizadora e o momento em que voltamos a estudar tuuuudo de novo!
1. Inspire, respire e não pire
Você passou meses estudando, revisando e fazendo questões. Cumpriu seu cronograma de estudos (aquele que a gente te ensinou a fazer alguns artigos atrás), viu todas as lives no canal do IAP no Youtube, assistiu todos os aulões de véspera dos professores (mesmo daqueles que você não vai muito com a cara). Depois disso, pegou sua caneta bic preta, sua garrafinha de água mineral, sua máscara e foi para a batalha. Ao término da prova, entregou o gabarito, rasgou o saquinho da banca, pegou o seu celular, chamou pelo aplicativo de transportes e foi para casa. Primeira coisa que te perguntaram: “como foi?”. E você deu a resposta de sempre: “não sei, vou esperar sair o gabarito”. Tomou banho, trocou de roupa, sentou, olhou para o teto e pensou: o que eu faço agora? Vejo novela? Maratono uma série na Netflix? Assisto o BBB (nem sei para quem torcer)? Chamo os amigos para sair (mas eles vão achar que eu tô pra morrer e quero me despedir)?
“Que tal descansar? Parece óbvio, porém, algumas pessoas não conseguem desacelerar, parar e, independente do sentimento que possa surgir (missão cumprida; poderia ter feito mais), é imprescindível que o concurseiro tenha esse tempo para descansar mente e corpo”, orienta Wiara Castro, terapeuta cognitivo-comportamental.
Além disso, ela sugere fazer programações as quais renunciamos durante o tempo de preparação, tais como sair com a família/amigos ou viajar, por exemplo. “Mas se não quiser fazer nada, não tem problema também. O ócio pode ser muito bem-vindo depois de um período de intensa atividade mental”, opina.
A verdade é que cada pessoa acaba tendo uma maneira própria de driblar a ansiedade. Algumas gostam de ir para a balada, outras gostam do contato com a natureza e outras preferem ficar em casa mesmo.
Angelina Cavalcante é aluna do IAP e conta o que faz para aliviar a ansiedade durante esse período pós-prova. “Gosto de pedalar, ir à praia e também faço uso da escrita terapêutica. Pra quem não conhece, escrita terapêutica é se expressar por meio das palavras, ou seja, é expor no papel o que está acontecendo em sua vida, bem como o seu sentimento diante disso. Alivia muito o coração.”
2. Anotar ou não anotar o gabarito? Eis a questão!
A maioria das bancas permite que você saia com a prova (se ficar na sala até os minutos finais) ou que anote o gabarito. Caso seja permitido, anote! Se você vai conferir ou não, é só decidir depois, mas com o gabarito em mãos há essa possibilidade de escolha, não é verdade?
“Conferir e perceber que não foi tão bem pode, por exemplo, desanimar a pessoa para a próxima prova quando esta é feita em outras etapas. Ou, ao contrário, pode melhorar o seu desempenho. Desse modo, cabe ao candidato escolher o que funciona melhor para ele, contanto que fique tranquilo com o resultado da correção”, aconselha a terapeuta Wiara.
A concurseira Angelina afirma que sempre anota suas respostas, mesmo sabendo o quão ansiosa é. “Eu sofro muito com a ansiedade, nunca escondi isso. Mas sempre que possível, anoto e confiro assim que sai o gabarito preliminar. É uma etapa chata pra mim, mas sei da importância, pois é necessário rever coisas que eu errei e corrigi-las para as próximas provas.”
Mais um motivo para que você anote o gabarito é que ele poderá ajudá-lo a elaborar recursos e, quem sabe, aumentar a sua pontuação. Sim, esta é uma etapa importante e, muitas vezes, acaba sendo negligenciada pelos candidatos.
Os alunos do IAP Cursos On-line também devem ficar atentos às correções de prova feitas por nossos professores, pois elas também poderão auxiliar na elaboração dos recursos.
3. Refaça a rota, ajuste as velas e recomece
Depois da prova, duas situações podem acontecer: você ir bem e ficar na expectativa de uma possível nomeação ou você ter a certeza de que, mesmo que tenha se preparado, não foi dessa vez. Após o descanso necessário, a realidade começa a bater em nossa porta e é justamente neste momento que tendemos a desanimar.
“Lidar com a frustração quase sempre é algo desconfortável, pois expõe nossas crenças sobre nós mesmo, podendo até desmotivar na busca dos nossos sonhos e objetivos. Novamente, a forma de lidar com esse sentimento é uma escolha: ficar paralisado ou usá-lo como mola propulsora para ir mais longe”, afirma a terapeuta Wiara Castro. “É óbvio que ninguém gosta de errar ou de perder, mas é possível exercitar a resiliência nesse momento, além de avaliar os pontos positivos e negativos e, a partir daí, reprogramar a rota. Como gosto de dizer: existe vida após um concurso e é você quem vai decidir o que vai fazer com ela”, completa.
Jordânia Furtunato, que recentemente fez o concurso da Polícia Civil da Paraíba, conta o que costuma fazer nesse momento de incerteza depois da prova. “Eu sempre dou uma descansada de, no máximo, 15 dias para repor as energias, fazer a correção da prova e ajustar o que for necessário, principalmente o cronograma de estudo”.
Por sua vez, a também concurseira Angelina Cavalcante, costuma retomar a rotina em menos tempo. “O ideal é sentir seu corpo e perceber o quanto de descanso ele precisa. Eu costumo me dar dois ou três dias”.
Cada pessoa tem o seu tempo de descanso, mas é importante salientar que ele não deve se estender por um período muuuuito longo. Caso contrário, é bem possível que você perca a motivação.
“Com a mente descansada, é necessário fazer um novo planejamento, levando em consideração os erros e acertos do primeiro momento, inclusive relativos à saúde mental do indivíduo. A ansiedade, por exemplo, pode derrubar o ‘cabra’ mais preparado do mundo. Vale lembrar, ainda, que não se recomeça do zero. Muitos têm essa impressão e entram numa vibe desmotivadora, desconsiderando toda a experiência adquirida no processo anterior”, explica a terapeuta.
A estudante Jordânia já descansou de seu último certame – PCPB – e está de volta com mais disposição para as próximas oportunidades que surgirem. “Meu plano é continuar estudando focada na área policial. Sinto que evolui bastante do meu primeiro concurso para esse último, então estou mega motivada para meus próximos passos”, garante.
Tão importante quanto o estudo e a persistência é a reflexão do que realmente queremos para a nossa vida e o nosso futuro. “Acima de tudo, deve-se avaliar o que de fato você deseja. Partindo dessas reflexões, você poderá seguir mais confiante na busca do seu objetivo. Seja feliz com suas escolhas, jovem”, conclui Wiara Castro.
E você? Já tirou um tempinho para descansar a mente do seu último concurso? Estamos aqui te aguardando para dar continuidade ao seu projeto de vida.
Por Camila Rorigues